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Carbono, Silício e Rage Against the Machine

Antes de mais nada, vou pedir para que você leia esse texto ouvindo essa musica (coloquei o instrumental para ser mais fácil de ler ouvindo):

Caso você não possa ler esse texto ouvindo o som, peço que volte em outro momento. Ele faz parte da experiência.

A música se chama Wake up da banda Rage Against the Machine. Tudo vai fazer sentido la na frente.

Encare o texto de hoje como uma experiência audiovisual. Um pouco diferente do habitual ne? Mas então... a ideia desse blog nunca foi ser normal.

Esses dias ouvi um pessoal falando sobre como é insano a criação de vida na terra. Como se criou vida a partir da não-vida?

Uns dias depois, estava na academia e tocou uma música que tinha um discurso do Chaplin em “O Grande Ditador” no meio: “We are not machines.”

Fiquei pensando nessas duas coisas e cheguei a uma daquelas reflexões de maluco que eu costumo ter.

O que minha irmã gosta de chamar de "merditação".

Se você parar para pensar, o ser humano fez com as máquinas algo muito análogo com o que aconteceu na terra: criação da vida a partir da não-vida.

Explico.

As primeiras formas de vida foram seres unicelulares. Eles são como os componentes mais básicos da eletrônica:

Resistores, capacitores, indutores, etc.

Eles têm funções, mas são bem básicas.

Mas quando a humanidade começou a juntar esses componentes, começamos a ver funcionalidades bem mais complexas entrarem em ação.

Com isso, é possível fazer um relógio digital, um pedal de distorção de guitarra, uma máquina calculadora e por ai vai.

Isso me parece bem análogo a seres multicelulares.

Eles são bem mais complexos que os seres unicelulares e conseguem desempenhar funções mais complexas.

A electronica foi evoluindo. Juntando mais e mais componentes, o homem foi chegando a produtos cada vez mais grandiosos.

Em 1946, surgiu o primeiro computador: o ENIAC.

Ele tinha 18 mil válvulas termoiônicas e pesava 30 toneladas. Ele era infinitamente mais complexo do que tudo que veio antes dele. Ela também era GIGANTESCO.

É como se fosse um dinossauro.

A vida partiu dos seres unicelulares microscópicos e chegou nos dinossauros grandiosos.

A eletrônica partiu dos componentes mais básicos e chegou num computador de 30 toneladas que ocupava uma sala grande.

Depois, a ordem natural das coisas não foi crescer mais: foi diminuir. A eletrônica continuou evoluindo e os componentes começaram a ficar cada vez menores.

Até porque, o ENIAC era bem pouco prático.

O homem buscou a eficiência espacial.

Transistores foram inventados e tomaram o lugar das válvulas.

Os microchips foram inventados e ficam cada vez menores (até hoje).

Os dinossauros tiveram um fim parecido com o ENIAC. Os seres mais eficientes sobreviveram e os dinossauros não.

Hoje em dia é difícil achar seres vivos muito grandes. Existem as baleias, umas lulas gigantes, girafas, elefantes, mas nada se compara com os antigos dinossauros.

Mas talvez o salto mais interessante nessa história toda (pelo menos para mim) não seja a transformação da não vida em vida, mas sim a criação da vida inteligente.

Até a vida inteligente, os seres vivos tinham funções básicas: preservação da própria vida e se reproduzir.

É como as ferramentas eletrônicas que temos hoje. A impressora imprime, a calculadora calcula, o computador faz uma série de coisas que ele foi programado para fazer.

No momento que a inteligência artificial alcançar os patamares que o Elon Musk teme, a máquina vai criar consciência.

Bingo.

Já criamos vida (eletrônica) a partir da não vida. Nesse momento, teremos criado vida inteligente.

A única diferença é que não estamos falando de carbono, mas sim de silício.

Abraços.

Talvez eu esteja ficando louco mesmo.

PS: a música fez sentido com o texto ne?